Descubra o sexo do bebê bem antes do que você esperava: Sexagem fetal

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“Vou fazer o exame de sexagem fetal e queria saber um pouco mais sobre o assunto.” (Adriana Valente)

Adriana, durante a gestação, a primeira pergunta que surge é: “Qual será o sexo do bebê?”. Com certeza, as futuras mamães e futuros papais irão concordar comigo. A ansiedade dos casais para saber se é menina ou menino é tão grande que, a espera de algumas semanas se torna tão longa que cada dia parece um mês.

Nos dias de hoje, os pais tem pressa em saber o sexo do bebê para a compra do enxoval e na escolha do nome. Para a alegria dos casais ansiosos para descobrir o sexo da criança, não é mais preciso esperar por longas 17 semanas para um ultrassom. Desde a descoberta do professor de patologia clínica Dr. Y Dennis Lo, com apenas 7 semanas de gestação e com uma simples coleta de sangue, já é possível saber o sexo do bebê. O chinês Dr. Dennis Lo , depois de longos anos pesquisando a “parte errada” como ele mesmo diz, identificou fragmentos de DNA fetal circulando no plasma materno.

O teste de Sexagem Fetal é considerado pelos especialistas, um método não-invasivo para determinação do gênero do feto e possui alta confiabilidade do resultado. No Brasil, esse exame vem sendo realizado desde 2003 e, atualmente, os convênios não cobrem esse exame e, o custo varia de R$ 400,00 a R$ 650,00.

Provavelmente Adriana Valente, sua curiosidade também deve estar à flor da pele e para explicar como é o procedimento, vamos rever aqui algumas considerações sobre os cromossomos “X” e “Y” pois, é a identificação de um deles que é a peça chave para saber o sexo da criança.

Os seres humanos possuem 23 pares de cromossomos e, dentre eles, apresentamos um par de cromossomos sexuais (XX ou XY). As mulheres possuem cromossomos “XX” enquanto que os homens possuem cromossomos “XY”. Assim, a explicação em resumo sobre o exame de Sexagem Fetal, é fundamentado na condição de que a mãe apresenta somente cromossomos “X” no sangue. Com isso, a detecção de cromossomos “Y” no sangue da mãe, significa que o bebê é um menino e, a ausência do cromossomo “Y” é sinal de que é uma menina.

Adriana, agora que já revisamos sobre os cromossomos, vamos então a resposta da sua dúvida, a qual imagino que está mais relacionada aos procedimentos que envolvem o exame de Sexagem Fetal. Os procedimentos para realização desse exame envolvem 2 etapas (Coleta e Laboratorial) que são decisivas para o resultado.

Etapa de coleta da amostra de sangue

Nessa etapa, eu posso explicar com bastantes detalhes, pois, tive a oportunidade de atuar diretamente nos procedimentos práticos. Apesar de não ser necessário um preparo precedente da mãe, como o jejum, engana-se quem pensa que não precisa ter nenhum cuidado nesta etapa. Para os papais curiosos que gostam de acompanhar as gestantes até na sala de coleta, se preparem. Definitivamente não é permitida a entrada do pai como acompanhante na sala de coleta de sangue. O principal motivo se deve ao fato de evitar possíveis contaminaçõesda amostra de sangue a ser coletada, já que o cromossomo “Y” é exclusivo dos homens. Outra condição exigida nessa etapa se refere ao profissional que irá realizar a coleta. O profissional deverá ser exclusivamente do sexo feminino, também para evitar contaminações de cromossomos “Y” e deverá se paramentar com o uso de toucas no cabelo, óculos de proteção e máscara. Além de todos esses detalhes, desde o momento de punção venosa até o preenchimento do volume total do tubo coletor, não é permitido conversa entre a gestante e o profissional. O sangue é coletado em dois tubos (PPT) de rolha branca, contendo gel separador e anticoagulante EDTA.

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Foto: gestacaobebe

Etapa laboratorial

Imediatamente, após a coleta de sangue, os tubos PPTs são centrifugados em um aparelho próprio (centrífuga) durante 12 minutos, de 3.000 a 3.600 rotações por minuto (rpm). Esse processo é importante para separar as partes do sangue, o plasma (parte branca) e hemácias (parte vermelha). Após a centrifugação, o aditivo gel que estava contido no tubo coletor, fica localizado entre as duas partes do sangue, impedindo o contato.

Na sequencia, utilizando um kit de substâncias própria, é realizada a extração do DNA do plasma materno. Este procedimento também só deve ser feito por mulheres, utilizando avental, touca, e propés.

A técnica utilizada para realização da Sexagem Fetal é o PCR em Tempo Real. Antes de dar continuidade ao procedimento, é importante ressaltar que o DNA contém todo o código do nosso corpo na extensão da fita dupla. Uma pequena área da sequencia do DNA poderá conter ou não a informação do cromossomo “Y”.

Voltando a técnica de PCR em Tempo Real, o DNA extraído é colocado em um pequenino tubo chamado no laboratório de eppendorf, juntamente com componentes denominados de MIX (contendo os componentes moleculares de um DNA, a taq polimerase e os primers) e, por último, uma sustância química fluorescente. O eppendorf contendo todas as substâncias é colocado em um aparelho chamado de termociclador para amplificar o cromossomo “Y”, caso haja. O termociclador é um aparelho que contém vários ciclos em temperaturas específicas que irão romper as pontes de hidrogênio que liga as duas fitas de DNA, anexando os componentes moleculares para formar várias cópias. O termociclador, no PCR em Tempo Real é ligado a um software do computador e a cada cópia de DNA amplificada (cada ciclo) emite um sinal fluorescente que é captado por um sistema óptico e transformado em um gráfico de amplificação que serve para quantificar o número de cópias. Se houver amplificação pode-se afirmar que o feto é do sexo masculino. Caso não ocorra amplificação o feto é do sexo feminino.

Além do diagnóstico do sexo do bebê, recentemente, os pesquisadores vem estudando a aplicação desse método na prática clínica para detecção precoce de possíveis doenças genéticas no feto.

No Brasil, esse exame vem sendo realizado desde 2003 e, atualmente, os convênios não cobrem esse exame e, o custo varia de R$ 400,00 a R$ 650,00. Foto: labriobranco
Fontes: LEVI, José Eduardo; WENDEL, Silvano; TAKAOKA, Deise Tihe. Determinação pré-natal do sexo fetal por meio da análise de dna no plasma materno.   SCHEFFER, Peter G. et al. Reliability of fetal sex determination using maternal plasma.  Sites: prenatalgeneticscenter, minutobiomedicinatheguardiandasa e oxfordjournals  Este texto é de autoria da Bióloga Ceila Cintra.