Por que o pum dos outros é mais fedorento que o nosso?

“Por que suportamos o cheiro do nosso pum e achamos o dos outros nojento?” (Dayara Christina)

“Queria saber por que achamos nosso peido cheiroso, e o peido dos outros é podre?” (Victor Almenara)

(Já prevejo pessoas reclamando que o Diário de Biologia deveria se dedicar a assuntos mais relevantes, mas… estamos aqui felizes por podermos responder as perguntas dos leitores)

Victor, essa é uma questão que embora pareça excêntrica, já foi motivo de diversos estudos científicos. De fato, nosso flato é aceitável por nós (eu não diria agradável), mas o dos outros é repulsivo… Enfim, acontece com todo mundo e não dá para negar. Uma pesquisa realizada mostrou que 65-78% das pessoas além de suportarem o próprio pum ainda gostam do cheiro. Segundo especialistas as principais razões para “gostarmos” do cheiro do nosso flato são:

Estamos acostumados com nossas próprias toxinas e mesmo não estando consciente, o tempo todo estamos sentindo nossos cheiros. Muitas pessoas não sabem mas uma pequeníssima porção dos gases intestinais que produzimos são absorvidas pelo nosso sangue e, através da circulação sanguínea tais moléculas odoríferas chegam ao nosso olfato o tempo todo. Ou seja, nós temos o olfato “acostumado” com nossos cheiros e isso também é parte das razões pelas quais não gostamos dos cheiros de algumas pessoas. Além disso, cada pessoa tem sua própria flora intestinal e seus odores são realmente diferenciados, apesar de que, a alimentação ajuda a piorar (ou melhorar as coisas).

Quando estamos prestes a liberar nossos gases intestinais (soltar o pum), estamos naquele momento psicologicamente preparados para uma possível sensação olfativa diferente. Nosso cérebro já espera por um odor vindo aí, e então já ficamos condicionados a aceitá-lo. Mas esta explicação não define porque ao sermos avisados por outra pessoa que ela liberou gases, o odor continua não sendo agradável para nós. Você sabe que algo ruim está a caminho, mas que não faz nada para diminuir a nocividade quando ele chega.

A explicação evolutiva é que tudo que vem dos outros é mais perigoso do que vindo de nós mesmos. Sentir cheiros e sabores repulsivos de outra pessoa representa um risco de doença para nós. Ao longo de milhares de anos, nossos antepassados passaram a evitar cheiros que poderiam trazer riscos de doenças e passou a cultivar o reflexo psicológico do “eca!”.  Sentir nojo das coisas, seja por cheiro ou aparência é uma estratégia evolutiva que protege nosso corpo de doenças! É como se o cérebro dissesse: “Fique longe de coisas que cheirem mal!”

Estamos também socialmente condicionados a repugnar o flato como uma ofensa, como uma intromissão. Se um estranho libera seus gases intestinais perto de nós, aquilo soa como desagradável. Esta reação começa a ser preparada pelo organismo desde que nascemos.

 Fonte: davidpj