É verdade que a vacina da gripe é feita no ovo da galinha?

“Obrigada por responder a minha pergunta anterior. Aproveitando, tenho mais uma : como são feitas as vacinas? Sempre se fala que é com o vírus que causa a doença, mas como exatamente isso funciona?” Samanta

“Karlla, adoro seu blog, sou completamente viciada! Tenho uma pergunta: é verdade que a vacina da gripe é feita com ovo de galinha?” Karly Lopes – Curitiba/PR

Samantha e Karly, resolvi responder as duas com o mesmo texto pois, o assunto é praticamente o mesmo. Pois bem, talvez nem todos saibam, mas os vírus são estruturas infecciosas sem vida que possuem apenas genoma protegido por proteínas, eles não possuem qualquer atividade metabólica, são inertes  e não reagem com qualquer substância. Por isso, são considerados parasitas intracelulares obrigatórios, pois dependem de suas células vivas (de plantas, animais, etc…) para se multiplicarem e uma vez em contato com uma célula viva, a capacidade reprodutiva  é assustadora: um único vírus é se multiplica em milhões de novos indivíduos em poucas horas. Por causa da capacidade de mutação, é quase impossível para os cientistas controlar os diferentes vírus atuantes num determinado momento. Eles estudam incansavelmente no desenvolvimento de vacinas.

As vacinas são uma mistura do vírus com substâncias protéicas e outras que alertam nosso sistema imunológico fazendo com que criemos soldadinhos (anticorpos) que estarão sempre prontos para a guerra caso sejamos acometidos por uma virose. Grosseiramente, o procedimento de construção de uma vacina poderia ser explicado assim: Quando um vírus da gripe é descoberto, por exemplo, ele é isolado e a OMS (Organização Mundial de Saúde) envia para os fabricantes de vacinas.

Os laboratórios recebem milhares de ovos de galinha que são  chocados em incubadoras, por alguns dias. Depois, os ovos são examinados em aparelhos chamados Ovoscópios, onde o estado do embrião é avaliado, somente aqueles saudáveis participam do processo, os demais são descartados.   Os vírus ativos são então inoculados em ovos de galinhas fertilizados onde se multiplicam rapidamente na membrana externa dos embriões. Ele fica em um líquido produzido pelo embrião chamado “alantóico”. Após cerca de três dias, os ovos são abertos e o líquido virulento é separado do resto.

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Os laboratórios recebem milhares de ovos de galinha que são chocados em incubadoras, por alguns dias.

Depois do isolamento do vírus do resto do ovo,  ainda são altamente infecciosos. Só então ele é inativado através de processos químicos (desinfecção) ou físicos (centrifugação, agitação etc..). Nas últimas etapas, “quebra-se” o vírus em partes. Caso reste algum vírus inteiro, este é inativado com formol. O produto é filtrado, diluído e distribuído em frascos. A vacina é feita com o vírus inativo mas com as proteínas necessárias para estimular o sistema imunológico a criar anticorpos para defender o organismo.

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Depois do isolamento do vírus do resto do ovo, ainda são altamente infecciosos. Só então ele é inativado através de processos químicos (desinfecção) ou físicos (centrifugação, agitação etc..).

Os ovos são selecionados cuidadosamente!

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